Levar o filho a abandonar a chucha pode ser um drama para os pais que não sabem lidar com o problema. Descubra como negociar com o seu filho para que deixe a sua “melhor amiga” de forma gradual, sem pressão e sem traumas.
Pode ser a melhor amiga das crianças e ao mesmo tempo o pesadelo de muitos pais. São tantas as histórias que ouvimos sobre a dificuldade em tirar a chucha que quando as crianças nascem, muitos pais fazem tudo para não dá-la aos filhos. No entanto, para alguns torna-se inevitável e, por uma ou outra razão, num momento de aflição ou de desespero, nada melhor do que o consolo da chucha.
O uso da chupeta, assim como a idade a partir da qual este objecto é desaconselhado, continua a ser um tema controverso e pouco consensual. Segundo alguns estudos, o uso da chucha interfere com a amamentação e, por isso, esta só deverá ser oferecida ao bebé quando o pequeno já aprendeu a mamar e a mãe se encontra perfeitamente confiante na amamentação.
A sucção é um ato instintivo na criança. Mesmo dentro da barriga da mãe, o bebé já chucha no dedo. Basta ver as inúmeras eco grafias em que surge de dedo na boca. Mónica Pinto, pediatra do neuro desenvolvimento, diz-nos que “a chucha é uma forma de auto consolo da criança que pela estimulação oral se aproxima muito do conforto sentido com a mamada e pelo movimento repetitivo serve de relaxante”. O ato de chuchar é, deste modo, um comportamento que oferece conforto e segurança à criança e deve ser encarado como fazendo parte do seu desenvolvimento normal, quando não se torna excessivo.
Joaquim Vítor, psicólogo, considera que o uso da chucha é uma forma do bebé encontrar o seu equilíbrio e auto gerir-se. No entanto, “é importante que a criança encontre outras formas de se gerir e, portanto, é fundamental equilibrar e limitar a utilização desta ‘ferramenta’”, sublinha o psicólogo.
Com bom senso e algumas regras no seu uso, os benefícios da chupeta são vários: proporciona conforto sem a presença de um adulto, estimula a sucção e aleitamento, facilita a digestão e fortalece a musculatura oral. Os movimentos rítmicos, a sensação de conforto e até de companhia trazida pela chucha têm o poder de organizar mentalmente o bebé, de o serenar quando chora, de induzir o sono e até de afastar temores. Mas lembre-se: a chucha não pode substituir o carinho dos pais e, como tal, não deve ser dada sempre que o pequeno chora. Opte antes por segurá-lo ao colo e dar-lhe atenção.
Qual a melhor altura?
Para a maior parte das crianças pequenas, a chucha é, em menor ou maior grau, uma companheira indispensável. E falamos em maior parte das crianças porque nem todas precisam de usar chucha: “algumas encontram outras formas de auto consolo, pelo que o seu uso não deve ser incentivado se não for necessário”, adverte a pediatra do neuro desenvolvimento.
Mas se a sua utilização for desmedida e prolongada poderá trazer problemas para a criança e dificultar o seu abandono. Quem nunca ouviu a preocupação de um pai ou de uma mãe receosos de que os dentes do filho fiquem tortos, que a criança não deixe de chuchar no dedo, que o faça em todo o lado ou que não consiga largar a chucha?
De facto, embora algumas crianças dispensem o uso da chucha (sim, há crianças que a recusam) ou então abandonarem-na de livre e espontânea vontade, outras parecem nunca querer fazê-lo. Se entre os dois e os três anos o uso da chucha não levanta habitualmente preocupações aos pais, a partir desse momento a maioria dos progenitores acha que o filho, que corre e fala com certa fluência, é já "demasiado crescido" para continuar a usar a chupeta e começa a pensar de que forma poderá afastá-la da criança. Mas a tarefa não se avizinha fácil.
Embora não exista uma idade adequada para as crianças largarem a chucha, os especialistas recomendam que se desencoraje o uso deste acessório a partir dos dois anos. Mónica Pinto explica-nos que “a partir da idade em que a criança começa a falar, a chucha começa a ser um empecilho uma vez que funciona como uma rolha e inibe a produção de sons”. Por essa razão, a pediatra recomenda que “no segundo ano de vida se tente reduzir o uso da chucha durante o dia e que esta seja reservada para situações de consolo ou para adormecer”, sendo que entre os dois e os três anos devem tentar o abandono definitivo da chucha.
Evite métodos radicais
Largar a chucha nem sempre é uma transição fácil para as crianças e muitos pais não sabem como ajudá-las a abandonar um hábito que as acompanha há tanto tempo. Neste processo, uma coisa é clara: nenhuma criança abandona facilmente o hábito de chuchar de forma contrariada e forçá-la só vai piorar a situação.
Como tal, a retirada “brusca” da chucha, o uso de métodos como mergulhar a chupeta em substâncias amargas, deitá-la no lixo, ameaçar ou castigar estão fora de questão, podendo mesmo ter o efeito contrário aquilo que se deseja. “As estratégias negativas ou punitivas raramente ajudam a superar a ansiedade na criança e pelo contrário podem agravar a sua dependência e instabilidade e ser causa de birras. Deve sempre tentar-se de forma positiva e mostrando à criança como está crescida, como a chucha é dos bebés, apelar à sua autonomia e vontade e não usar estratégias que a rebaixem ou agridam”, sublinha Mónica Pinto.
Então, o que fazer? Em primeiro lugar, é preciso arranjar uma grande dose de paciência e compreender que este processo poderá demorar algum tempo, com crises de mau feito e choro à mistura, avanços e retrocessos. Por exemplo, se a criança resistir muito a esta mudança, é importante perceber porque é que precisa tanto da chucha e modificar o que está na base dessa dependência. Depois, é importante ir preparando a criança para o cenário pós-chucha, favorecendo sempre o desenvolvimento emocional saudável.
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